quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Lembrança


Esta semana parece que o coração está mais apertado. Sinto que mais um ano se vai. Aquelas relações construídas com tantos que até então eram apenas rostinhos perdidos numa multidão, agora se tornam uma das razões por fazer o que faço com tanto esmero e dedicação. É incrível, mas posso seguramente dizer que o nome do que estou sentindo nesses momentos de nostalgia nada mais são que a saudade de uma despedida.... ou quem sabe de uma continuidade irreconhecida. Lembrar dos primeiros dias, do desconhecimento, do medo, das mágoas já consolidadas e da confiança no inesperado nos trouxeram até aqui. Posso dizer, na mais doce forma de saber. Saber o que se sente, o que se vive, o que espera e quem sabe o que se deseja. As letras neste ano não foram as mais importantes, nem as conjunções, nem as questões e trabalhos por vezes desafiadores que propus nos momentos de maior criatividade. Os abraços de alegria, de medo, de confiança, se antes eram fortes, agora se fazem maiores, mais intensos. Meninos cresceram. Meninas viveram. Viveram e cresceram com a intensidade de uma tempestade que no fim da madrugada  presenteia com o calorzinho do inicio da manhã. Esses poucos dias, e como foram poucos perto de tudo que aconteceu,  foram recheados de alegria, tristeza e cumplicidade. Cumplicidade nas simples palavras "nós estamos com você, professora!", ou quem sabe no "fessora", no "e aí fessora?!"... Me desculpem os sábios, mas poucos viveram isso. Poucos como eu, que acreditam na verdade, no carinho, no afeto e na amizade verdadeira que se completou pela confiança nas palavras de alguém com poucos anos à frente da jovialidade infinda das "minhas criaturinhas". Nunca imaginei que este ano tomasse uma proporção dessas! Mas tomou! Choramos juntos, rimos, nos divertimos, brigamos, nos abraçamos muito, tiramos muitas fotos e construímos confidências, segredos. Me tornei literalmente uma "Professora Maluquinha", não é Marília? Me tornei a dindinha de muitos, amiga de outros, a confidente de alguns, e o alvo das mais curiosas crises; que hoje me lembro com os olhos marejados. Marejar os olhos esse ano foi uma constante. Impossivel pensar que "amores"só acontecem de vez em quando. Dançamos a quadrilha da gargalhada, ouvimos e dirigimos as famosas "ratas"e criamos trilhas sonoras de uma vida. Uma vida que nunca será esquecida. Tentei não acordá-los todos os dias, mas chegou um momento em que vocês próprios se acordaram e me fizeram realmente compreender o valor que cada minuto, de cada dia "não pensado". Afinal, a quarta-feria não era dia de pensar no 17! Como foi bom ter a calma do 18! Rir das comidas estranhas de cada um! Rir da sinceridade das minhas meninas! Como foi mágico estar com o 6! Confiança, alegria e amor intensos a cada dia! Como foram confortantes os abraços. Precisava ter um escudo e lutar na Guerra de Nárnia! Criar músicas com o 4, dançar, ir até o chão, confessar os enganos e compartilhar as belas palavras escritas! Crescer com o 5! Rir do "Marelo"que nunca entendia a piada, ler as palavras da Karla, rir da dança da Carol. Entrar numa sala tão adulta que se tornou criança aos poucos foi "digno". São tantas lembranças que se cada detalhe for descrito, não caberá nessa página. e que bom que existe a página da memória. Tive a certeza que DIFERENÇA é a palavra mais bonita que conheci. Tive e tenho a certeza que cada "carinha" me dizia algo, e com o olhar eu conseguia dizer muito também. Vale a pena chorar? Muito! Fim de ano traz essa dorzinha de saudade. Mas que bom que saudade existe. Senão não existiria a lembrança. Se a lembrança não existisse, não daria risadas sozinha. Estar sozinha é algo que não faz parte mais dos meus dias, pois a cada manhã se não os terei mais em presença, terei-os em alegria, saudade e lembrança. E isso, ninguem pode tirar. Pois apenas existe com a magnitude de um dia novo. Ou de página escrita no livro da vida.

Alessandra Beatriz
Professora de Lingua Portuguesa
E. E. Madre Maria  Blandina

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