quarta-feira, 13 de julho de 2011

O menino da Lua




Há muito tempo atras, antes do meu avô ser criança, havia um menino que morava na lua. Era filho da noite e chamavam-lhe Nedyn, o menino da lua. Saltitava, no doce encanto da aurora, de estrela em estrela, qual pastor e guardião. Vestia uma capa preta e comprida e na cabeça um chapéu de abas cor de arco-iris e pontiagudo. Como companhia, tinha uma bola azul que com ela corria pelas voltas do tempo. Ninguém nunca o vira descer de lá; porém, muitos acreditavam que o menino de capa preta era encantado. Ainda alguns diziam que a noite era limpa e clara devido ao grande mistério que o envolvia naquela doce fantasia. Gildren, um pequeno que confidenciava todos os seus segredos de menino à lua, certa noite, fez um pedido que tantos outros meninos faziam. Queria conhecer a lua e saltar de estrela em estrela. Qual não fora sua surpresa, que ao adormecer, um barulho na vidraça em toque de flauta o despertara de um sonho. Um sonho de menino de conhecer planetas e desbravar o universo em uma nave de casquinha de sorvete. Era Nedyn, o menino da lua. Tal como Peter, viera buscar o pequeno para um grande sonho que ele mesmo tinha: ter um amigo. Surpreendido pelo susto , escondeu-se na cortina. E ficou ali. Buscando a coragem. De um lado do quarto, o sonho de conhecer a Lua. Na cortina, o sonho da amizade. Entre olhares assustados, reconheceram-se. Eram um só. Um só rosto, um só corpo, disfarçados pelo sonho e pelo desejo tímido. Ao tocarem-se, a surpresa: Tudo não passava de um sonho. Gildren era Nedyn. Nos finos dedinhos que agora forçavam-se em escapar pela capa preta, o encontro tornara-se inevitável. Não passava de um sonho. O sonho refletido pelo espelho. O espelho, refletido pela lua. A lua refletida pelo encontro. O encontro do menino. Com o menino da lua.

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