quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Reminiscência


Menina que era me encantava constantemente com a arte de "fazer" palavras. Embora criasse como num passe de mágicas as minhas, havia uma que fazia com que meus olhos brilhassem. Reminiscência. Curiosa que era não hesitava em buscar significados nos vários dicionários que tinha em casa. Assim a descobri. Parecia um mundo novo, colorido, cheio de brilho e fantasia. Imaginem que ao sete anos descobri esta palavra. Nunca a esqueci. Sempre sonhei escrever um livro com minhas reminiscências. Vinte anos depois, encontrei a mais perfeita definição do que sou. Uma Reminiscência. Naquelas páginas do dicionário parecia muito simples. s.f. Recordação vaga e quase apagada; Coisa, expressão de que a pessoa se lembra insconscientemente; lembrança indecisa: reminiscência de leituras.  Mas para meus infantes pensamentos a "coisa" ia mais além.... muito mais. Os sinônimos então... eram lindos!  Anamnesememóriarecordaçãorelembrança e rememoração. Sim, a cada dia eu tinha memórias, recordações, relembrava e rememorava o que todos já haviam feito; inclusive eu. Certa vez até ouvi de uma professora - Dona Jarina, a mulher mais linda e elegante que já havia conhecido, por sinal -  que tinha memória e alma de escritora. Parece que tive um surto de Oswaldo Montenegro agora. Mas não era isso que eu queria dizer. Queria na verdade era pensar como me faço uma reminiscência. Acho que subjetiva como sou, identificaria essa minha "situação reminiscente"como a forma mais imprecisa de viver o sonho, a realidade, misturar a fantasia com o real numa sublime existência. Tão sublime que às vezes até acho que só eu vivo assim.Como diriam meus amados alunos: Ou não! Acho que todos deveriam ter essas reminiscências. Acho que faz bem pra alma, pro coração, alenta a saudade, cria mundos e faz a vida ser um pouco mais leve. Faz a gente fugir um pouco dos problemas que já pesam tanto! Enquanto a maioria teima em viver apenas na realidade factual do momento presente, insisto e continuarei persistindo em viver minhas reminiscências. Elas me fazem tão bem! Sei lá, às vezes, voltar às minhas memórias do tempo de criança, minhas loucuras juvenis, esconder segredos que nunca serão descobertos por ninguém, ter anamneses constantes, rememorar o sorriso de alguém, o bilhete colocado às escondidas pelo amigo apaixonado, relembrar as brincadeiras, as confidências e recordar as promessas e as juras de fidelidade absoluta. Isso tudo traz uma nostalgia, um sabor diferente do tempo passado! Nostalgia. Esta também é bonita! Será outra definição que ainda encontrarei.  Mas essa é outra história, outra reminiscência. Talvez mais vaga, mais imprecisa, mas não apagada. 


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